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quinta-feira, outubro 01, 2015

Votar para decidir se Portugal continua com este Governo de direita, disposto a prosseguir a sua desastrosa estratégia
de empobrecimento e de austeridade


• Pedro Silva Pereira, DECIDIR O VENCEDOR:
    «Já que as sondagens ocuparam, de forma desmedida, o espaço que devia ser de debate político nesta campanha eleitoral, vale a pena olhar para elas com olhos de ver, de modo a evitar conclusões precipitadas e enganadoras.

    Comecemos pelo óbvio: seria um grave erro confundir resultados de sondagens com resultados eleitorais. A história política, reforçada com a experiência recente das eleições gregas e britânicas, mostra bem que é o voto do povo que decide, não são as projecções nem os estudos de opinião. No domingo veremos o que é que os eleitores têm a dizer sobre o Governo que tiveram e sobre o Governo que querem.

    Convém lembrar, igualmente, que as sondagens não são todas iguais. É certo que há umas de que se fala mais do que outras - e até há sondagens que nos entram em casa todos os dias - mas não devemos menosprezar a disparidade nos resultados obtidos.

    Dito isto - e sem entrar agora na discussão das diferentes metodologias e da credibilidade inerente a cada um dos exercícios - há três conclusões políticas que se podem retirar destas sondagens.

    Em primeiro lugar, o dado mais importante é que se regista uma clara tendência de reforço da bipolarização entre a coligação de direita e o PS. De facto, parece manifesto que nem se deu em Portugal um fenómeno do tipo Syriza, na Grécia (não há sinais de crescimento muito acentuado de nenhuma das forças políticas à esquerda do PS, que não deverão desviar-se muito dos seus resultados anteriores), nem surgiu um fenómeno do tipo Podemos, em Espanha, ou Cinco Estrelas, em Itália (parece evidente que o PDR e o Livre não conseguiram nesta campanha a dinâmica necessária para superar as naturais dificuldades de implementação de uma nova força política). Isto significa uma coisa muito simples: o PS afirmou-se, indiscutivelmente, como o maior ponto de encontro para a afirmação de uma alternativa política ao actual Governo de direita.

    Em segundo lugar, apesar da diversidade de resultados obtidos e do enorme número de indecisos que ainda existem, as sondagens indicam, não adianta negá-lo, que há um risco efectivo de a direita ganhar. Isso significa não só que a questão da vitória está em aberto mas, sobretudo, que a consequência política do voto tem de ser devidamente ponderada pelos eleitores. De facto, o que estas sondagens nos recordam é que estas eleições não são a feijões. Não vamos votar para atribuir o prémio da melhor campanha mas para decidir se Portugal continua com este Governo de direita, disposto a prosseguir a sua desastrosa estratégia de empobrecimento e de austeridade, ou se muda para um novo Governo liderado pelo Partido Socialista, com uma agenda virada para o crescimento e o emprego e para a defesa do Estado Social.

    A terceira conclusão decorre das duas anteriores: se as sondagens mostram que a direita pode ganhar e que só o PS pode impedi-lo, então a responsabilidade da esquerda e de todos os portugueses que sofreram as consequências da austeridade é muito clara: concentrar votos no Partido Socialista e dar a vitória a António Costa. Qualquer outro voto, disperso pelos partidos mais pequenos da oposição, significa abdicar de decidir o vencedor e, portanto, favorecer objectivamente a vitória da direita. É por isso que é preciso que ninguém fique em casa, que todos vão votar. E que votem para decidir o vencedor

segunda-feira, setembro 28, 2015

Como tornar útil o voto inútil

Distribuição de deputados de acordo com o barómetro da Eurosondagem
(in última edição do Expresso)

António Costa apresenta-se às eleições com um programa que se pode sintetizar em poucas palavras: fazer crescer a economia para estimular o emprego e proteger o Estado Social, designadamente impedindo a concretização do corte nas pensões. Mas António Costa faz questão de assumir que tem um plano B: ao mesmo tempo que se dispõe a procurar cumprir as regras em vigor na zona euro, o PS empenhar-se-á para modificar essas mesmas regras.

Neste quadro, eu não quereria estar na pele daqueles eleitores que, tendo vontade de apear o governo de Passos & Portas, se mostram indecisos em entregar o seu voto ao PS, único partido que está em condições de afastar do poder a direita mais radical desde o 25 de Abril.

No entanto, na maioria dos distritos e das regiões autónomas, os eleitores debatem-se com um problema que ultrapassa a questão do voto útil. Com efeito, relembrando o passado e observando as previsões disponíveis, há muitos círculos eleitorais em que os partidos de esquerda, salvo o PS, não têm elegido nem têm qualquer possibilidade de vir a eleger deputados: nestes casos, os votos no PCP, no BE, no Livre, etc. são votos desperdiçados, porque não concorrem para a eleição de deputados destes partidos de esquerda e retiram ao PS a hipótese de eleger mais deputados, que assim vão direitinhos para a coligação de direita.

De Bragança a Portalegre, passando pelas regiões autónomas e pela emigração, são muitos os círculos em que os votos nos pequenos partidos se convertem em votos inúteis (para a esquerda). Havendo tantos apelos à aproximação entre os partidos da esquerda, não seria o momento certo para que esses pequenos partidos, designadamente o BE e o Livre, convidassem os seus eleitores nos distritos em que não têm hipótese de eleger deputados a concentrar os votos no PS para barrar o caminho à direita?

Ao assumirem um tal postura, os pequenos partidos dariam um sinal inequívoco de que haveria uma vontade genuína de convergência. E seria a única forma de transformar um voto inútil num voto útil.

quarta-feira, julho 01, 2015

O insólito critério do Expresso

Expresso, 20.06.2015

O Expresso é um órgão de comunicação social muito peculiar. A par das páginas e páginas de palha que suponho que ninguém leia, o semanário tem correspondentes acreditados junto do PSD, do CDS e do Presidente da República.

Relativamente à área do PS, o caso muda de figura, havendo um critério insólito. Com efeito, há também uma correspondente acreditada junto do que se convencionou chamar de segurismo, que representava, nas directas de há um ano, um terço dos militantes e simpatizantes socialistas. Já em relação ao PS propriamente dito, as notícias parecem ser tratadas pelo jornalista de turno.

Veja-se o que aconteceu nas últimas duas edições do Expresso:

Na edição de 20 de Junho, há uma entrevista a Francisco Assis (p. 12) e uma reportagem sobre a vida de António José Seguro nas Caldas da Rainha (p. 14). A correspondente do segurismo acolhe ainda uma pequena intriga sobre a constituição das listas de deputados à Assembleia da República (p. 7). Finalmente, há uma peça, elaborada pelo correspondente do CDS, sobre o entendimento entre o PS e o partido de Portas para a redução do IVA e do IRS nos Açores, deixando-se subentendido que se a receita não é aplicada no Continente é por imposição do outro partido da coligação de direita.

Na edição de 27 de Julho, por um triz o Expresso não se esquecia do PS. Lá surge na p. 12, que reparte com o Livre. Aí, a correspondente do segurismo é chamada a ensaiar a candidatura da Maria de Belém à presidência da República, apresentando-a já como a segunda mulher em 30 anos que o faz. E na p. 14 surge uma pequena nota, redigida pelo jornalista de turno, sobre a constituição da direcção de campanha do PS. E é tudo.

Se este é o critério adoptado em relação ao PS, não se entende por que não é adoptado o mesmo critério em relação ao PSD e ao CDS. José Eduardo Martins, do PSD, e José Ribeiro e Castro, do CDS, não insurgem contra a desigualdade de tratamento em relação ao segurismo?

terça-feira, junho 23, 2015

«Em política, gosto das coisas claras»


    «Subscrevi o manifesto 'O Conhecimento como Futuro'. Estou de acordo com a nova agenda política para o ensino superior e a ciência que ele propõe. Mas tenho a fazer umas observações adicionais:
      1. Estamos a três meses de eleições legislativas. Não é possível ignorar esse facto.

      2. Como muitos académicos reconhecem, a ação do Governo, neste como em tantos outros domínios, foi absolutamente desastrosa. Portanto, não é possível realizar uma nova agenda política sem mudar de Governo.

      3. Só é possível mudar de Governo se todos os que querem mudar de Governo (a) forem votar e (b) votarem no Partido Socialista ou em partidos que se disponham a integrar ou viabilizar um Governo liderado pelo PS (o que, para vergonha da esquerda portuguesa, se resume por enquanto ao Livre). Tudo o resto significa colocar mais quatro anos no Governo Passos Coelho e Paulo Portas, isto é, perpetuar a política que o Manifesto e a generalidade dos cientistas tão justificadamente contestam.

      4. Tudo o que seja propor ou divulgar, agora, tomadas de posição que não enfrentem esta questão da alternativa de Governo arrisca-se apenas a ser voto pio, ou pior, limpeza de consciência própria. Mariano Gago, que tanto e tão bem é citado, nestes dias, sempre o soube - e tirou as consequências devidas.

      5. Não sei se isto parecerá sectarismo político. A mim parece-me clareza. Em política, gosto das coisas claras.»

quarta-feira, outubro 08, 2014

Convergência à esquerda

• Pedro Nuno Santos, Convergência à esquerda:
    «(…) Como disse António Costa, “o que temos de fazer não é guerrear entre nós, é cada um dirigir-se ao eleitorado e aos cidadãos que pode mobilizar e aumentar a participação”. A única forma de um novo sujeito político à esquerda não ser prejudicado pelo voto útil é mostrando que está genuinamente disponível para governar – sob condição, claro – e que por isso o voto em si nunca será desperdiçado.»